28 junho 2010

Essenciais - os fogareiros

Claro que são mesmo essenciais pois deles dependem as refeições, na maior parte dos casos a refeição diária.

Há-os feitos em ferro, capazes de aguentarem com um tacho suficientemente grande para fazer a comida de toda a família. Namorei-os desde logo aqui e no último ano no Bairro Militar.

Mas há-os também muito mais pequenos, construídos a partir de latas de refrigerantes e esses vêem-se à beira das ruas, por toda a cidade, com pequenos petiscos a assar ou o cuscus a cozer ao vapor. Cuscus que nada tem a ver com o que é comido nos países árabes já que se trata duma espécie de pudim (talvez mais um bolo molhado), feito de arroz, que substitui por vezes o pão.

Os meus 30kg de excesso de bagagem não me permitiram trazer um dos de ferro mas espero que uma grande amiga, com mais recursos de transporte, me traga em breve um destes duplos para que as minhas sardinhas algarvias, bem esticadinhas sobre ele, ganhem um leve toque exótico. Será a minha versão da famosa cozinha de fusão.

Estás já convidada, Mónica!

27 junho 2010

Chapa-chapa

Ultimamente tenho constatado que regressei de Bissau com uma enorme ignorância sobre muita coisa. Um pouco envergonhada, consulto a net mas muitas vezes de pouco serve. Foi o que aconteceu quando tentei saber de onde vem este termo tão divertido que é dado por lá ao patchwork.

Nada quanto a chapa-chapa. Conheci o termo quando gabei o vestido duma professora e lhe pedi para a fotografar. A partir de então ou passou a estar na moda ou eu passei a estar mais atenta. Por todo o lado, passeiam-se essas composições de pequenos bocados de tecido cosidos à máquina a grande velocidade. O colorido berrante e a composição insólita não os deixa passar despercebidos.

Nunca vi chapa-chapas feitas de tecidos usados e não sei se chegarão um dia a ser velhos. O amor pela auto-imagem leva a que haja um investimento forte nas toilettes e talvez sejam postos de lado antes disso. Mas sei que os costureiros rapidamente dão uso aos restos dos seus trabalhos, sendo muito difícil recuperá-los mesmo que tal seja pedido à partida. Parecem ser um bem precioso, com grande procura.

São muito diferentes daqueles míticos pachworks que normalmente se associam aos colonos americanos, em cambiantes desmaiados, cosidos pacientemente à mão. Por aqui a coisa é outra e o espírito também. Produzidos a grande velocidade, incluem tecidos de texturas muito diversas, nomeadamente os bordados tão apreciados por cá.

Antes do meu regresso a I. e o H. ofereceram-me, como prenda de anos, esta grande colcha. É um bocado da Guiné-Bissau em minha casa.

Gostava muito que algum visitante deste blog me contasse coisas sobre o chapa-chapa.

Como surgiram? Existiram desde sempre ou são moda recente? O termo é recente? O termo é usado noutros locais africnos?

E mais tudo o que me puder ser ensinado.

18 junho 2010

Essenciais - a esteira

Em país de maioria muçulmana não espanta que as esteiras estejam por todo o lado: expostas ao longo do Bandim, enroladas debaixo do braço, estendidas onde calha, em hora de oração. Por isso ficaram na minha memória ligadas ao acordar às 6 da manhã, ao som dos cânticos da mesquita vizinha.

Há-as de todos os tamnhos e cores, feitas de material plástico que conserva o brilho e o fulgor por muito tempo. Apetece sempre levá-las para casa, em quantidade, resolvendo dessa forma a dificuldade da escolha. São espantosas!

Como deixo aqui registado, há mutas outras aplicações para além da prevista. Por vezes o chão voa até ao tecto, como aconteceu na Ofiicina em Língua Portuguesa da eacola Jorge Ampa.

Parabéns Sérgio e Filipe. Bom trabalho. O tecto transformou a Oficina num palácio, o que está perfeitamente de acordo com o que se passa por lá todos os dias.

09 junho 2010

New York, NY

Agora o Largo Camões perdeu aquela que foi para mim, durante muitos meses, a sua maior atracção: uma neta a servir com o maior dos entusiasmos quem passava pelo Quiosque do Refresco. Chegou mesmo a haver "café com poema", quando ela e a sua companheira de trabalho sacavam dum livro e liam alguns versos aos clientes mais curiosos.

Agora está lá longe, a tirar um partidão duma bolsa de estágio. E eu, agarrada ao computador, a seguir o seu dia-a-dia novaiorquino e a suspirar quando os posts tardam em aparecer.

Para quem tiver curiosidade em seguir o que por lá se passa, deixo aqui o endereço:

http://walnutandtheapple.blogspot.com/

Ela é a Maria.

05 junho 2010

Jardim Botânico

Foi uma quarta-feira muito bem passada. Não ia há mais de 40 anos ao Jardim Botânico, apesar da zona ser das que mais frequento em Lisboa. Rua da Escola Politécnica, Pastelaria Cister, Jardim do Príncipe Real, Rua de S. Pedro de Alcântara, a caminho daqui. E o Jardim Botânico foi ficando sempre para mais tarde.

Desta vez fui lá com a L., à procura do tal poilão que um anónimo referiu num comentário aqui, a propósito das minhas memórias guineenses. Procurei, impliquei um entendido do Jardim que se prontificou a ajudar-me, mas não encontrei poilão algum. Claro que eu não sabia o nome científico e também não sabia se a denominação poilão tinha alguma vez sido usada por estas bandas. Só tinha mesmo as recordações daqueles meus encontros guineenses, repetidos durante dez anos. Não era pouca coisa, para mim, mas indecifráfeis para qualquer outro.

Pois bem, parece-me que poilão não há por ali, mesmo com outro nome. Mas, em compensação, encontrei árvores da borracha inquietantemente fabulosas. Estão logo à entrada e deram aso a uma contemplação a duas vozes. A L. e eu interrogámo-nos sobre de onde nasciam ou para onde iam alguns ramos, se não eram ramos mas sim árvores, e como se tinham dado tais casamentos.

Quanto a mim, interessada desde sempre por lavores femininos (esta expressão tem muito que se lhe diga e será retomada em futuro post) não pude deixar de pensar num crochet, tão na moda actualmente. Ou talvez num macramé.

Afinal não inventamos nada.