26 maio 2010

Poilão

A sua condição de árvore sagrada, à sombra da qual têm lugar rituais e cerimónias, compreende-se de imediato. O porte é majestoso mas sobretudo o que nos deixa boquiabertos é o tronco, o mais belo de todos os troncos, na minha opinião, com aquelas pregas que mais parecem as de um sumptuoso vestido de noite, digno de um filme do Visconti.

Impossível falar de poilões sem referir o mais célebre de todos, embora pela pior razão - o poilão de Brá, presente em todos os noticiários, em 1998/99. Representava a frente de batalha na luta que opôs os rebeldes de Ansumane Mané (Chefe do Estado Maior General das Forças Armadas) às forças leais ao Presidente da República, Nino Vieira.

Por ser uma árvore sagrada, o poilão de Brá ainda lá está, na berma da estrada do Aeroporto, bem perto daquele que foi o meu local de residência.

Que pena as mangueiras não o serem! Teríamos ainda a cidade cheia daquela sombra consistente que só elas dão.

P.S.Cada vez acho mais que na Branca de Neve da Disney, o primeiro filme que vi, as árvores que aterrorizaram a B.N., com olhos e bocas terríficos, eram poilões. Procurei imagens no Google, para me certificar bem disso, mas não as encontrei. Se alguém as descobrir ou as tiver em papel, por favor, envie-mas. Gostava de poder conferir memórias já antigas.

10 comentários:

  1. http://img.youtube.com/vi/_6i2LdjX4JA/0.jpg

    Querida Helena, a mim parecem-me coníferas ( que também podem ser assustadoras sobretudo as de grande porte. Pense na floresta negra aqui na Alemanha)

    Um beijinho

    Helena

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  2. Também se podem ver, talvez ainda mais impressionantes, no Jardim Botânico, junto à rua da Escola Politécnica em Lisboa

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  3. Helena: obrigada pela busca. A imagem da BN "morta" rodeada pelos 7 anões é giríssima mas as árvores de que me lembro são as que, logo na início do filme, a BN vê quando é abandonada na floresta. São representadas com olhos, boca, etc e são aterradoras.
    Será que não foi a BN que as viu mas sim eu com 6 anos?

    Anónimo: Hei-de ir ver os poilões do Jardim Botânico de Lisboa. Obrigada.

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  4. Estas fotos estão realmente muito boas e evidenciam a força que parece emanar da terra para se prolongar por esses troncos fortes e estranhos.
    É a magia de África com toda a sua pujança.

    Hélder S.

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  5. A guerra de Brá foi em 1998/99, há uma dúzia de anos, e não em 1988...

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  6. Claro que sim. Tratou-se duma gralha. claro está. Obrigada por me permitir corrigi-la. Só conheci a GB após o conflito.

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  7. Eu percebi que se tratava de uma gralha. Mas achei piada porque escrevi há pouco tempo um post no meu blog sobre o Manuel Mina que referia o Poilão de Brá (e o conflito), e lembrei-me de pesquisar Manel Mina e Melcíades Fernandes... para constatar com desgosto que não existe nada na net sobre ele (agora já existe). Depois, por descargo de consciência, lembrei-me de pesquisar Poilão de Brá a pensar, estilo: «queres ver que também não há nada?!?» e foi por isso que aqui cheguei.

    Um abraço

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  8. Luisa: Achas que é? Obrigada. Vou investigar.

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  9. 7ze:Não me espantou muito que não encontrasse as referências que procurou no google. Comecei a ir a Bissau logo após o fim do conflito e nunca ouvi falar do Manel Mina. Mas é verdade que havia uma grande reserva em falar do que se passara. Quase diria que havia uma certa vergonha. O conflito deixou essa marca terrível: o silêncio.

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