16 abril 2010

Cacheu

Cacheu foi a primeira povoação criada de raíz pelos portugueses, em 1588, tendo sido a primeira capital do território, condição que justifica a sua inclusão na UCCLA (União das Cidades Capitais de Língua Portuguesa).

Num país sem monumentos e sem um museu que guarde o seu património artístico e cultural, a fortaleza de Cacheu, recuperada há alguns anos pela UCCLA, e o Forte da Amura (Bissau) gozam de enorme protagonismo.

Ao contrário do que se passa com o Forte de Amura, difícil de visitar e de fotografar por restrições colocadas pelas Forças Armadas, a fortaleza de Cacheu é divulgada continuamente, sobretudo desde que foi reparada. Já a conhecia portanto, apesar de só ter ido a Cacheu durante a minha última estadia.

A estrada foi reparada há cerca de um ano e a viagem, com escala em Canchungo para almoçar uma cafreala e visitar o mercado de rua, foi fácil. A avenida larga e a grande rotunda com um pedestal inabitado ao centro indicam que a antiga Teixeira Pinto deve ter tido alguma importância, antes de entrar no processo de decadência hoje visível.

De repente, estamos em Cacheu, avançando em direcção ao mar, já que foi por aí que tudo começou. E de repente também estamos com a fortaleza diante dos nossos olhos. A sensação que dá é que nem precisamos de os levantar para a vermos, de tal forma ela é pequena.

Navegadores, descobridores, naus e caravelas, feitorias, comércio de escravos, todo um mundo que nos alimenta a imaginação e que nos leva a construir mentalmente um forte bem mais imponente do que aquele erguido pelo Reino de Portugal.

As estátuas que como noutras paragens foram retiradas de outros locais aguardam melhor sorte no interior do forte, encostadas à parede, e as posições insólitas dão ao conjunto um ar de Portugal dos Pequenitos desarrumado e um pouco desvairado. Apenas Diogo Gomes (ou será Nuno Tristão?) se apresenta em pose digna, heróica mesmo, olhando o mar de onde veio e para onde seguramente gostaria de voltar.

Não se pode evitar alguma lusitana decepção.

1 comentário: