15 abril 2010

Varela

Se exceptuarmos o arquipélago dos Bijagós, até há dois anos apenas acessível a poucos previligiados com tempo e dinheiro suficiente para alugar transporte privativo e a outros tantos temerários capazes de arriscar o transporte em canoa, a única praia de que se dispunha era Varela, na fronteira com o Senegal.

E no entanto, em 9 anos, apenas fui uma vez a Varela. O primeiro obstáculo era o rio Cacheu cuja travessia se fazia por um enorme jangada, quando funcionava. Sem hora marcada, a travessia de 20 minutos podia implicar várias horas de espera sob um sol abrasador e, frequentemente, não acontecia. O estado de conservação da jangada era terrível e muitas vezes a parte do país a norte do rio Cacheu ficava longas semanas isolada, até mesmo de Bissau. Quem era apanhado por esta surpresa só tinha que desistir ou dar a volta por Farim, viagem de muitas horas e muitas penas.

O segundo obstáculo era a estrada de S. Domingos para Varela, poucas dezenas de quilómetros que levavam 3 horas a percorrer, tal era o seu estado. Os buracos eram verdadeiras crateras e quem tinha um veículo como o meu só podia sonhar com os tais banhos de mar, nunca tomá-los.

Em Junho de 2009, foi finalmente inaugurada a ponte sobre o rio Cacheu. Financiamento da UE, obra da Soares da Costa. Chegada a Bissau, soube logo que o piso da estrada até Varela tinha sido substituído por terra batida o que passara a permitir um acesso normal ao Paraíso.

A diferença é enorme e alguns fins-de-semana poderão deixar de ser aqueles dias deprimentes, fechados em casa, esperando a libertação da segunda-feira.

Voltei pois a Varela em duas horas e meia. Vi o mar, tomei bons banhos. Vi militares acampados por todo o lado e ouvi também morteiros, pois Casamança é já ali.

Foi muito bom.

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