Apesar de, durante as nossas viagens a Varela e a Cacheu, termos constatado com espanto que os cajueiros ainda estavam em flor, a campanha do caju foi aberta oficialmente com a pompa e circunstância habituais. O principal recurso do país assim o justificava.
A Guiné-Bissau vive do caju, para além da ajuda internacional. Pouco a pouco, a área de cajueiro foi aumentando e a paisagem tornou-se mais monótona já que, dada a planura do país, os nossos olhos apenas vêem o mesmo verde, na época da colheita salpicado de amarelo ou encarnado.
Na maior parte dos casos são árvores baixas, não sei se por serem jovens ou por serem de espécie diferente dos cajueiros enormes que conheci no norte de Moçambique. Em 1988, foi-me dito com grande desgosto pelo nosso motorista (e eu sabia o nome dele ...) que os cajueiros tinham sido atacados por uma doença, desconhecia-se o meio de os salvar. O que terá acontecido a essas árvores enormes? terão sobrevivido à guerra civil?
Bissau está pois cheia de comerciantes estrangeiros, maioritariamente indianos, de frutos exibidos nos passeios e de bidons, deve-se dizer. Bidons aos molhos, transportados de um lado para o outro, vazios, logo cheios e de novo vazios, contendo a alegria e a desgraça da época - vinho de caju, muito barato, demasiado fácil de fazer por a fermentação ser tão rápida naquele clima. Vende-se por todo o lado, mesmo à porta dos liceus, e o seu cheiro doce e picante impregna tudo e todos.
Há locais onde se aglomeram as vendedeiras (mais uma vez, as mulheres ...) e aí o trânsito complica-se porque o interesse é grande. A cidade agita-se e tomam-se precauções para que nada aconteça.
É uma animação preocupante.
...e os gorros à Amílcar Cabral, Helena? Consegues descobrir onde são feitos e se ainda se fazem?
ResponderEliminarQue linda a segunda fotografia!
Eu subia um grande cajueiro quando pequena em Mocambique... :-)
ResponderEliminarRosa: o assunto está a ser tratado :)
ResponderEliminarHelena, que bom saber!
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