Nascida e criada em Lisboa, vivi em Bissau. Gosto dessa terra onde me sinto em casa. Vou tentar mostrar porquê, aos poucos, para que conste.
29 maio 2009
"Cantinas"
25 maio 2009
Espelho meu (3)
23 maio 2009
S.O.S.
20 maio 2009
Pão nosso
19 maio 2009
Espelho meu (2)
Chuva

17 maio 2009
15 maio 2009
Acerca de museus
Acabo de saber que foi aprovado em Conselho de Ministros a criação de um novo museu. Será ele o Museu da Língua Portuguesa que entrará em interacção com o seu irmão brasileiro.
Pede o Ministro da Cultura que igual medida seja tomada nos restantes países da CPLP. Tudo isto seria apenas desadequado, se não fosse muito grave. É que é suposto instalar o tal museu no Museu de Arte Popular, em Belém.
Será com certeza ocasião para um belo projecto de arquitectura (suponho que de interior). Pois ... e a língua portuguesa? Alguém acredita que o número d
e falantes aumente por existir tal museu? Alguém acredita que baixe a elevadíssima taxa de iliteracia em Portugal?
E no resto dos países da CPLP? Museus? O que se pensa fazer com os projectos de promoção do português, de formação de professores, de apoio ao português como língua de ensino? Espera-se muito de Portugal nesse campo e as verbas são curtas.
Aqui na Guiné-Bissau deixou de haver Adido Cultural há três anos, pelo que temos um Centro Cultural Português praticamente fechado. Foi considerado supérfulo, face à falta de verba. Temos milhares de inscrições todos os anos para os cursos de português no CCP e não temos professores para os garantir. Mais uma vez por não ser considerado importante.
E Portugal quer fazer um Museu da Língua? E para o fazer quer destruir o Museu de Arte Popular?
Está prevista para amanhã uma acção de repúdio por tal medida. Vão bordar um grande lenço de namorados e pendurá-lo na fachada do Museu. Se eu estivesse em Lisboa estaria lá seguramente, de dedal no dedo.
Porque estou longe,
porque quero que se leia mais, se escreva melhor em Portugal,
porque quero que as crianças da Guiné-Bissau, e não só, tenham acesso ao ensino em português,
porque quero ter o Museu de Arte Popular renascido, no local em que nasceu,
espero que algum dos meus visitantes esteja por mim em Belém, ao meio-dia, amanhã. E que me contem aqui.
Para saberem mais do que estou a falar, vejam aqui. Foi onde eu vi.
E.T.: Escrevi estas linhas, usando do "meu direito à indignação", sem me informar devidamente sobre o assunto. Penitencio-me por isso. Assim, não sabia que já havia um projecto de arquitectura concebido, muito menos que ele não mostrava respeito pelo MAP. Falei do futuro projecto com ironia, farta de ver belos projectos cilindrarem outros valores, para mim mais importantes. Afinal a situação é ainda mais grave do que pensava.
14 maio 2009
E no entanto



12 maio 2009
Greve

08 maio 2009
Boa viagem
07 maio 2009
D. Berta, uma pessoa especial

Senhora de uma enorme descrição, D. Berta recebe, quase silenciosa, quem vai chegando e, sem perguntas, vai mantendo actualizado o seu interesse por todos. Chega-se cansado (as escadas de ferro pintado não ajudam), encalorado (o sol por estes lados não perdoa) e vai-se a pouco e pouco repousando, enquanto o Alves, de concha em riste, avança com a terrina da sopa.
03 maio 2009
Pé-de-cabaceira
Ao contrário do que acontece noutros países africanos, não se vêem muitos embondeiros*, por aqui. Tenho pena porque os seus troncos sempre me fizeram sonhar. E, no entanto, os mercados estão cheios da polpa do seu fruto – a cabaceira – que goza de enorme prestígio.
Exibe-se no Bandim, em pequenas montes. Ao longe parecem pedrinhas brancas, irregulares e quando se pega nelas constata-se com espanto que são leves, quase como pedaços de esferovite. Com elas faz-se a bebida mais vulgar por aqui – o sumo de cabaceira – dissolvendo-as em água e coando em seguida. Dado o sabor forte, ácido, bebe-se geralmente com muito açúcar. Num país de maioria muçulmana esta bebida não alcoólica está disponível por todo o lado.
Mas uma outra razão do seu prestígio deve-se à fama de combater o colesterol (suponho que o mau!). No entanto, já me disseram que só é eficaz se for bebido sem açúcar o que me fez sempre suspeitar que isto se baseia unicamente na crença de que para algo fazer bem tem que saber mal ou doer. Nunca experimentei.
Antes do conflito de 98, havia umas freiras missionárias que comercializavam o produto, reduzido a pó, em pequenos sacos, pronto a ser dissolvido. Deixei de ouvir falar de tal coisa mas tenho andado a pensar que seria bom ajudar jovens desocupados a relançar o negócio. Será que a ASAE me deixaria vendê-los em Portugal?
* O embondeiro é aqui chamado "pé-de-cabaceira" e nada tem a ver com as cabaças de que falei aqui, em Março.