Naquele quarto que foi meu durante duas semanas acordei todas as madrugadas com o mesmo canto de pássaro. Nada percebo de cantos de pássaros e meti conversa com uns vizinhos para tentar saber qual seria o artista. Melro, disseram eles. Fiquei assim a saber que os melros cantavam e daquela maneira tão especial.
À chegada a Lisboa fui consultar o livro "Vozes de animais" que encontrei este inverno ao tentar organizar minimamente as estantes. Trouxe-o ao desfazer a casa de meus pais, há mais de dez anos, e sempre me intrigou por que tinha o meu pai comprado aquele livro, ele que tão pouco se interessava por animais. Quanto a mim, acho-o um livro divertido que se auto-intitula dicionário de onomatopeias. Os animais estão arrumados por ordem alfabética e para cada um há transcrições de obras literárias em que se refere a sua voz. Para melro há, por exemplo, assobiar, cacarejar, razinar, piar, rir, etc, etc. Para todos os gostos.
No meu passeio pelo Chiado, de que falei aqui, tivera de presente um melro comprado na Casa das Vellas do Loreto. No dia seguinte um melro de verdade entraria na minha vida. Mais uma coincidência, esta com direito a banda sonora.
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