Quando comecei a visitar Bissau partia-se de manhã, bem cedo, o que significava acordar a meio da noite, marcar táxi de véspera, pôr despertador, fechar malas antes de adormecer. Tudo procedimentos pouco compatíveis com uma improvisadora nata, originando uma angustiazinha que só desaparecia quando fechava o cinto de segurança e me entregava nas mãos da TAP. Durante umas horas iam tratar de mim e eu estava simplesmente proíbida de tratar fosse do que fosse. Sensação boa, coroada com a grande vantagem de aterrar de dia, depois de sobrevoar o deserto e por fim o verde, verde da Guiné-Bissau.
De há uns anos para cá a viagem faz-se de noite e não gosto mesmo nada daquela meia luz um pouco deprimente que me mostra os meus companheiros de viagem no seu ângulo menos favorável: cabeças que baloiçam, corpos torcidos, pés descalços. Aterragem na mais completa escuridão, sem paisagem. E depois do purgatório da espera pelas bagagens vai-se directo para a cama, sem escapadela possível.
De manhã salto para a rua e mergulho de imediato na cor. Viva, variada, intensa. É um impacto tão forte que justifica só por si a viagem. Não há visita que supere este prazer da cor que torna todos os objectos do quotidiano tão importantes e transforma todos os trajes em verdadeiros figurinos.
E venham falar-me de museus!
lindo este teu relato ! as palavras justas para o verdadeiro impacto
ResponderEliminaras notícias que cá chegam não são as melhores... outra vez. espero que esteja tudo bem.
ResponderEliminarJoana: Obrigada pelo cuidado. Está tudo bem por lá e eu já cá estava.
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