Foi ao fim da tarde que descobri que o pórtico da igreja de S. Domingos coroa um quarteirão do Rossio, precisamente aquele em que vai nascer um hotel de luxo.
Parece que vão poupar a Pastelaria Suiça. Apesar de ser referida pela Simone de Beauvoir que a visitou durante a guerra e ficou chocada com a quantidade de bolos que por lá havia, é-me totalmente indiferente que a poupem uma vez que autorizaram há anos a completa vandalização do seu interior. Por mim podia ir abaixo se, em troca, fossem poupadas a Manteigaria e Bacalhoaria Silva - reino do peixe seco, da banana-pão e do inhame - que dão aquele ambiente à Praça da Figueira, fazendo recordar que toda ela já foi mercado.
Mas, mais ainda, preocupam-me as medidas que poderão vir a ser tomadas para que o Largo de S. Domingos deixe de ser um pouco de Guiné-Bissau em Lisboa. Há muitas cabeças a considerarem que aquele ponto de encontro não fica bem em zona nobre da cidade, ao lado do Teatro Nacional e de futuros hotéis de luxo.
Pois, por enquanto, ainda me foi dado aquele fim de tarde, preparando o meu regresso a Bissau. Estava lindo o Largo, cheio de gente a conversar e a rir, em frente a uma oliveira que se calhar é do tempo das caravelas, como me disseram serem as de Belém. Pareceu-me reconhecer um certo ar de família.
chegaste bem, portanto. :)
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