A 3ª e 4ª fotos são da Marta Jorge
Mas no meio da mercadoria aos bocadinhos de que falei há dias aqui, há a grande excepção - o arroz. É desejavelmente comprado em sacas de 25 ou 50kg pois as famílias são grandes e ... quase só se come arroz. Para quando não há meios lá está o caneco para medida.
Nas nossas Oficinas de Língua Portuguesa o arroz acabou por ter um lugar especial que nos empolgava a todos. As Oficinas contavam com trabalho diário totalmente voluntário de jovens que viam aí uma oportunidade de aprenderem um pouco de tudo com os professores portugueses - informática, como catalogar os livros, como prestar apoio aos leitores, como construir o placard e muito mais. Mas sobretudo permitia-lhes tornarem-se pouco a pouco senhores daqueles oásis que eram as salas das Oficinas e simultaneamente aperfeiçoarem o português, no convívio diário com os professores. Estes tornaram-se modelos que todos os colaboradores queriam copiar.
No Natal e no fim do ano lectivoe, sempre que os meios o permitiam, passámos a oferecer um presente que mostrava como considerávamos importante a sua ajuda. Invariavelmente perguntávamos se queriam arroz ou dinheiro e a resposta era sempre a mesma: arroz. Explicavam-nos que era muito importante para eles chegar a casa e oferecerem-no à família. Garantirem a alimentação de todos durante uns dias era para aqueles jovens um prazer que lhes conferia estatuto de adulto responsável Outros os alimentavam durante o resto dos dias e havia que participar num assunto que é de todos - a subsistência familiar.
Os professores do projecto passaram assim a tratar da compra, transporte e distribuição de perto de 2,5 toneladas de arroz. Ao melhor preço, nas melhores condições.
Muito aprendemos naqueles anos!
É local esse arroz ? A maior parte dos Burkinabès usam os cereais produzidos localmente e que fazem parte aliás da tradição alimentar local: mil, sorgo, milho … Não há na Guiné ?No BF a produção de arroz é tão limitada que os consumidores são obrigados a comprar a arroz importado e o preço é exagerado. Era um presente de luxo para os locais, sobretudo o não partido !O país até tem zonas de arroz(Vallée du Kou, du Sourou, de Bagré…) , o arroz de Bagré até aprendi a apreciar e agora que penso sinto-lhe até o sabor, cozinhado em riz gras:-)... mas são subaproveitadas.
ResponderEliminarNão, a quase totalidade vem do oriente e é do partido e aromatizado. No supermercado onde me abastecia havia um óptimo tailandês, em sacos de 5kg, para além do português.
ResponderEliminarA GB chegou a ser auto-suficiente em arroz mas aos poucos o seu cultivo está a ser abandonado. Parece que tem contribuído para isso a degradação dos pequenos diques e a invasão dos campos por água salobra. Há seguramente outras razões.
Riz gras? O que é? Será o riz pilaf?
http://www.burkina-faso.ca/recette-du-riz-gras-du-burkina-faso/
ResponderEliminar(E o crochet ? ...)
E era tão bom olhar para aquelas caras de felicidade quando lhes era entregue o arroz para levarem para casa...
ResponderEliminarAi!!!