13 setembro 2010

A casa (14) - as surpresas

Houve várias durante esta visita a mais um dia de obra. Os veraneantes ainda abundam por lá o que tem abalado o seu ritmo. Há que poupar quem passa por aqui as suas férias. A largura da rua, concordante com a da casa, faz com que qualquer descarregamento de material provoque o corte do trânsito. Convém não hostilizar os vizinhos.Tudo isto para dizer que a época foi muito mal escolhida para o início da obra. Já o sabia mas a impaciência foi demasiado grande.

Mesmo assim, o Sr. F. lá foi trabalhar um dia. E muito se faz num dia quando a casa é tão pequena. É um dos perigos pois asneira, num dia pode começar e chegar ao fim. E é difícil mandar deitar abaixo.

O arco que liga o corredor ao quarto foi refeito segundo a velha tradição. Não estava previsto no projecto. Tudo bem desde que a cama lá caiba. Gosto pouco de arcos e portanto só espero que este não fique com ar de novo. Mas como lhe hei-de dizer isso? Pedir-lhe que faça o rebouco trapalhão? Creio bem que voltarei muita vez a este assunto do rebouco que acho inquietante. É aquilo de que mais gosto nas paredes antigas mas neste caso teve que ir à vida, por completo. E não sei como se faz de novo sem que fique com aquele aspecto agreste das paredes novas.

Por agora a casa está bonita, toda descascada, e tive direito a algumas alegres surpresas: o tecto da futura casa de banho mostrou-se no seu melhor e a velha cisterna, cuja abertura se temia, fora já cheia de pedras durante anterior obra de vizinho. Assunto arrumado.

O Sr. F. mostra-se maravilhado com a arte de quem construiu. Deleita-se com a forma como os tijolos foram colocados no tecto do corredor. Explicou-me as vantagens da técnica e eu acreditei.

Mas é bom vê-lo reconhecer qualidades onde outro qualquer só veria demolição urgente.

4 comentários:

  1. Helena, é capaz de valer a pena consultares o livro da exposição da FIA deste ano, que era precisamente sobre técnicas de construção artesanais. Lista uma série de empresas em diferentes áreas. Foi editado pelo IEFP.

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  2. viva o sr. francisco!
    aquele tecto da fotografia n. 4 é o da casa-de-banho? é lindo. não pode ficar assim à vista?

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  3. O tecto da 4a foto é fantástico !
    tens uma casa digna de Traiano ! :-))

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  4. Rosa: Obrigada pela dica. Eu estou nos braços da arquitecta (Cristina Salvador) pelo que estou segura por quem sabe do assunto. Isso não impede, no entanto, que seja tomada por medos. Mas é isso que dá a emoção a uma obra, não é?

    Inês e Vera: É fantástico, não é? Imaginem a minha surpresa. É que daquela casa tão modesta não se esperam presentes escondidos.

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