Há anos que nesta época, quando os passeios de Bissau estão transformados em longas passadeiras de mangas, eu planeio fazer chutney.
Adoro cozinha indiana, talvez seja mesmo a minha preferida, e é sempre com uma ponta de emoção infantil que vejo colocar na mesa as taças com os molhos e os nans ainda quentes. Dos molhos, o chutney, mais doce que molho, é o meu preferido.
Pois foi este ano, aproveitando a presença em Bissau da minha amiga Isabel, que meti mãos à obra. Bom, metemos, e com a Mónica de máquina em riste, a registar tudo. Consultámos várias receitas, construímos a nossa, estudámos o assunto porque ele não podia ser tratado com leviandade. O resultado foi aprovado. Colocámos em boiões, virámo-los de pernas para o ar, segundo os preceitos divulgados aqui, no blog da Xuxudidi. Só falta abri-los para verificar se a história do vácuo é verdadeira.
Desde miúda que leio receitas de doces e compotas que segundo os meus padrões da época, inspirados seguramente no ritual de verão religiosamente cumprido pela minha mãe, eram atributos duma mulher/mãe perfeita. A parte que dizia respeito à esterilização era aquela que mais me intrigava por nunca ninguém me ter explicado esse fenómeno que dá pelo nome de vácuo. Desisti há muito de entender, pelo que ele conserva todo o charme do mistério.
Aqui deixo a receita do nosso Chutney de Manga:
6 chávenas de manga cortada em cubos ♦ 3 chávenas de vinagre de vinho branco ♦ 2 chávenas de açúcar mascavado ♦ 1 colher (sobremesa) de gengibre picado ♦ 1 cebola picada ♦ 1 dente de alho picado ♦ 5 cravinhos ♦ 1/4 colher (café) de cominhos em grão ♦ 1/2 colher (café) de coentros em grão ♦ 1/4 colher (café) de grãos de mostarda preta ♦ 1/4 colher (café) de nigella (sementes de cebola ♦ 1/2 colher (chá) de açafrão das índias (turmeric, curcuma) ♦ 1/4 colher (café) de canela em pó ♦ 6 cardamomos pisados ♦ 6 grãos de pimenta preta ♦ 1 colher (chá ou café, a gosto) de flocos de malagueta ♦ 1 colher (sopa) de sumo de lima ♦ sal
Pisar as especiarias em grão e em pó num almofariz e levá-las ao lume numa frigideira aquecida, para soltar o aroma. Aquecer o vinagre com o açúcar, até este ficar dissolvido, mexendo com uma colher de pau. Juntar a manga e os restantes ingredientes e deixar ferver até engrossar (cerca de 30 mn). Depois de pronto, retirar as cascas dos 6 cardamomos e guardar em frascos esterilizados.
Vou experimentar.
ResponderEliminarParabéns pelo blog!
Oi: Sera que se vai poder provar???? Parece-me delicioso mas de facto so c mangas de verdade - e nao c a 'manga de aviao'-resulta. Resta-nos fazer chutney de maca ou ameixa...
ResponderEliminarBjins
M
A receita abra o apetite. Como M. disse, só nos resta procurar mangas saborosas, talvez no supermercado indiano ou asiatico do Martin Moniz!
ResponderEliminarAdoro fazer chutneys e já marquei esta receita para experimentar em breve. Obrigada (e que fotos lindas).
ResponderEliminarEste comentário foi removido por um gestor do blogue.
ResponderEliminarAdoro manga! Fiquei com água na boca...
ResponderEliminarBi
Dentro em breve, este blog passará a ser só um círculo em Lisboa-Lisboa.
ResponderEliminarChutney de manga, só já em Lisboa, talvez com as mangas do Martim Moniz, como alguém aqui dizia!
Muita gente irá sentir a falta das reportagens de Bissau, desta janela para esse mundo próximo e, ao mesmo tempo, distante!
Quem me fará companhia no Benfica a olhar os desenhos da Escola Limpa?
É-me difícil imaginar que vou cortar os laços com Bissau. Hei-de voltar como turista para ver tudo o que não pude ver devido ao trabalho.
ResponderEliminarPara já o blog continuará cheio de Bissau e o nome vai perdurar.
As memórias terão nele o seu lugar.
tboa ! e vivam os chutneys com as mangas do martim Moniz ! bjs vera nc
ResponderEliminarOlá!
ResponderEliminarEstive uns dias de férias e só agora reparei que está anunciado o fim do "olhar de Bissau".
É pena, mas é a vida!
Acompanhei sempre com muito interesse o Blogue e vou continuar a "cuscar" o que lá virá.
Entretanto, vou ver se acerto na receita...
Felicidades para a "HPC" a quem aproveito para pedir desculpa por no meu primeiro comentário referir como "jovem cooperante", pois foi assim que presumi (já se sabe que não se deve ser presunçoso...).
Hélder Sousa
Vera: Obrigada! :-)
ResponderEliminarHelder: Pois é, há momentos assim. Espero conseguir continuar este blog e poder manter inalterado o nome. Haverá as memórias de todos estes anos e espero ´completá-las com uma ou outra viagem. Não concebo cortar de repente com todos os laços que me ligam a esta terra e a estas gentes.
Espero poder continuar a merecer as suas visitas.
Quanto à minha juventude ou à falta dela, soube-me bem o seu engano. É sinal que a minha escrita ainda não tem as rugas que vejo no espelho.