27 setembro 2010

D. Berta

Acabo de ser informada de que a D. Berta está em Lisboa até dia 1 de Outubro e de que haverá um jantar em sua homengem, na Associação de Cabo Verde (ao Marquês de Pombal), na quinta-feira.

Como sabe quem a conhece, ela adorará ter a casa cheia.

Quanto a mim será uma boa oportunidade de rever gentes que conheci por lá.

Associação de Cabo Verde / R. Duque de Palmela, 2 / Lisboa

Contacto: Vanda Medeiros (vandamedeiros@gmail.com)

26 setembro 2010

Essenciais - o telemóvel

Mais do que essencial é indispensável.

Durante 4 anos tivemos que lidar com a inexistência de telefone. Nem fixo. Teoricamente, havia um ou outro (na Embaixada, por exemplo) mas apenas eram usados para falar para o estrangeiro uma vez que não havia para quem ligar localmente.

Com, na época, cinco locais de trabalho e vinte professores espalhados pela cidade, oupados em actividades de toda a ordem para além das docentes, foi obra! Criar Oficinas de Língua Portuguesa a partir do nada, sem que se pudesse combinar ou encomendar por telefone, obrigava a deslocações constantes. Novo porblema, dado dispormos de uma única viatura, sempre na oficina. Havia sobretudo que combater as não comparências, os atrasos e para tal tinha que se encontrar o outro, sabe-se lá onde.

Foi-se conseguindo. As coisas foram-se construindo peça a peça, até ter surgido em 2004 esse recurso divino - o telemóvel.

Dei com ele de repente, numa missão. Já se vinha falando da hipóese mas era difícil de imaginar que tal se viesse a verificar. Na Bissau de então, um aparelho a funcionar, fosse qual fosse, era milagroso, um sem fios era verdadeiramente sideral. Odisseia no Espaço, na Guiné-Bissau.

Pois não só surgiram como em poucos meses invadiram o mercado. Satisfaziam uma necessidade muito maior do que por cá e portanto a invasão foi instantânea. Todos os guineenses, pelo menos em Bissau, passaram a ter um. Simultaneanente, nasceram procedimentos que a satisfazem de forma rápida e barata. Comprar um aparelho é a coisa mais simples, carregá-lo é a coisa mais barata do mndo. Num país sem multibanco, o tm carrega-se por cartão ou mini-cartão, que se vendem por todo o lado, na rua, nas lojas e em locais expressamente criados para o efeito.

Toda a gente passou a telefonar, por vezes não se percebe como!

21 setembro 2010

Guiné-Bissau

Fotos de Marta Jorge

Eu sei que tenho andado entretida com "a obra" e que, como resultado, tenho abandonado aqueles que visitam este blog essencialmente para conhecerem melhor a Guiné-Bissau ou para matarem saudades do país. Há pois quem se queixe.

Esta minha divisão entre cá e lá está traduzida no próprio nome do blog, criado alguns meses antes do meu regresso a Portugal. Quando descobri o prazer de publicar os posts arrependi-me muitas vezes de não ter inicado o blog antes, pelo menos a partir do momento em que tive acesso à net em casa.

Agora que estou cá, não ponho a hipótese de abandonar os posts sobre a Guiné-Bissau, terra a que fiquei ligada para sempre, e nem sequer de mudar o nome do blog. A minha vida por lá mudou para sempre a minha vida por cá. Portanto, enquanto houver blog, ele será este que será a minha maneira de prestar tributo àquelas gentes de quem tanto gosto.

Mas como percebo que há muito quem queira mais África, prometo criar uma lista de blogs sobre a Guiné-Bissau que incluirei na rubrica "Visito sempre".

Talvez assim seja perdoada.

18 setembro 2010

Essenciais - os blocos

Apesar de não trazer aqui a Guiné-Bissau há muitos posts, o país está sempre presente no meu dia-a-dia, sobretudo agora que me ocupo da "obra".

Não posso esquecer os blocos alinhados a secar durante a estação seca que mais uma vez se aproxima. São feitos de terra, por vezes com algum cimento misturado, ficndo o custo da obra dependente em grande medida da percentagem deste.

Estes dominós vêem-se por todo o lado e são sempre um bom sinal. Só se constrói quando se pode.

15 setembro 2010

A casa (15) - a encomenda

Fotografias de Cristina Salvador

Nova visita ao sr. Zagalo, desta vez muito bem acompanhada pela C., autora do projecto. Tratou-se de escolher o mosaico hidráulico, acabando assim com as minhas hesitações que ameaçavam eternizar-se.

Reduziu-se o número de candidatos para uma segunda volta e por fim decidiu-se reforçar as referências "arabizantes" da casa. E, assim, foi eleito o desenho que me tinha saltado à vista quando entrei pela primeira vez na oficina. Primeiro amor...

A descoberta do tecto da casa de banho foi determinante e encanta-me este encadeado de surpresas e decisões que delas derivam. A reabilitação é mesmo assim.

Encomenda feita. No início de Novembro terei 750 mosaicos feitos um por um pelas mãos do sr. Zagalo, uma vez que o desenho é daqueles de que ele próprio se encarrega. O chão da minha casa vai portanto ficar forrado com uma verdadeira preciosidade.

Outras encomendas se seguirão.

Estremoz

Obsecada como ando por tudo o que possa ter a ver com a casa que me habita quase por completo a cabeça, nomeadamente por pavimentos de toda a ordem, passeei por Estremoz, de olhos no chão.

Pela primeira vez reparei que a calçada aqui da terra não é feita de calcário como a lisboeta mas sim de mármore, o que faz toda a diferença. Os tons são outros, por vezes rosados, o feitio das pedras é outro e estão boleadas pelo uso de uma forma diferente.

Apesar de a chuva não os lavar há muito, os passeios encantaram-me. Tenho que os visitar de novo, quando a água os tornar brilhantes.

13 setembro 2010

Novo

E de repente, numa A qualquer, surge ele, acabado de construir.

Ainda há construções que nos conseguem surpreender.

A casa (14) - as surpresas

Houve várias durante esta visita a mais um dia de obra. Os veraneantes ainda abundam por lá o que tem abalado o seu ritmo. Há que poupar quem passa por aqui as suas férias. A largura da rua, concordante com a da casa, faz com que qualquer descarregamento de material provoque o corte do trânsito. Convém não hostilizar os vizinhos.Tudo isto para dizer que a época foi muito mal escolhida para o início da obra. Já o sabia mas a impaciência foi demasiado grande.

Mesmo assim, o Sr. F. lá foi trabalhar um dia. E muito se faz num dia quando a casa é tão pequena. É um dos perigos pois asneira, num dia pode começar e chegar ao fim. E é difícil mandar deitar abaixo.

O arco que liga o corredor ao quarto foi refeito segundo a velha tradição. Não estava previsto no projecto. Tudo bem desde que a cama lá caiba. Gosto pouco de arcos e portanto só espero que este não fique com ar de novo. Mas como lhe hei-de dizer isso? Pedir-lhe que faça o rebouco trapalhão? Creio bem que voltarei muita vez a este assunto do rebouco que acho inquietante. É aquilo de que mais gosto nas paredes antigas mas neste caso teve que ir à vida, por completo. E não sei como se faz de novo sem que fique com aquele aspecto agreste das paredes novas.

Por agora a casa está bonita, toda descascada, e tive direito a algumas alegres surpresas: o tecto da futura casa de banho mostrou-se no seu melhor e a velha cisterna, cuja abertura se temia, fora já cheia de pedras durante anterior obra de vizinho. Assunto arrumado.

O Sr. F. mostra-se maravilhado com a arte de quem construiu. Deleita-se com a forma como os tijolos foram colocados no tecto do corredor. Explicou-me as vantagens da técnica e eu acreditei.

Mas é bom vê-lo reconhecer qualidades onde outro qualquer só veria demolição urgente.

02 setembro 2010

A casa (13) - o salitre.

Fotos de Cristina Salvador

Na terra tem-se pretendido, ao forrar com azulejos fachada e paredes interiores, evitar o salitre que é constante por estas bandas (e não só). À medida que se forram as paredes ele, inabalável, reaparece mais acima. Por vezes os proprietários acrescentam azulejos, conseguindo-se assim verdadeiras casas de banho, encimadas pelo inimigo invencível.O drama é aumentado com o uso de tintas plásticas, claro.

O Sr. F. está atento ao problema e tem fé nos seus truques a nível do reboco. Para além disso, vai ser usada cal, por fora e por dentro. O facto de ele ter concordado prontamente com isto foi a primeira razão que me fez crer que ele era a escolha certa como empreiteiro de uma obra tão especial (não são sempre as obras especiais para o proprietário?).

Possa eu continuar a dizê-lo, aqui, dentro de alguns meses.

01 setembro 2010

A casa (12) - o pátio

O pátio tem cerca de 3m2. Fica ao fundo do corredor, o tal do tecto redondo, e embora fosse praticamente ao ar livre era usado como cozinha e despejos (penso que era o termo usado). Para o tornarem útil em tempo chuvoso colocaram-lhe um tejadilho de fibrocimento.

Peça essencial era o tanque em cimento igual a este que fez as delícias da criançada na casa alugada em Julho. O da casa já foi despedaçado, como era de esperar. Não se duvida que é muito mais fácil retirar e transportar um tanque em pedaços mas dói pensar na marreta a despedaçar uma coisa que foi tão útil e que ainda poderia ter uma segunda vida na açoteia.

Ainda mais grave é fazerem exactamente o mesmo a lava-loiças em mármore, impecávais, para serem substituídos por outros em inox. É considerado banal.

Por estas bandas, não havia lava-loiças e mármores nem vê-los. Fui poupada a esse desgosto.